terça-feira, 6 de novembro de 2007

Resgatada do baú



Felicidade

Há quem a persiga, como alguém que tenta agarrar a lua, e esta torna-se cada vez mais distante que nos finta. Outros ainda, vivem anestesiados no mundo dos “ses”: “ se eu tivesse, se eu fosse, se eu ganhasse…”, que acabam por deixar escapar a felicidade.

Há também aqueles que a encontram, a toda a hora, a todo o momento, mesmo ali ao virar da esquina, sem nada fazer para a procurar.

Esses simplesmente vivem a vida, mantendo o espírito aberto perante tudo o que esta tem para oferecer, numa atitude contemplativa chegam a encontrar o que muitos procuram sem encontrar, pode não ser de imediato, mas acaba por dar os seus frutos, para lá da ansiedade e do querer possessivo do ego, a felicidade tece – se nas redes da paciência e da compreensão, da vontade e da intuição.

Enganem-se os que pensam que o apego aos objectos os fará mais felizes, a felicidade está para lá do materialismo, da futilidade e da subjugação do homem face ao ego, assim como aqueles que artificialmente a procuram num novo amor como forma de cicatrizar as feridas do passado ou de preencher o temido vazio das suas vidas.

Felicidade anda de mãos dadas com o amor, não com esse amor que sociedade corrompe e que tão doentiamente buscámos nos outros que nos faz rastejar perante alguém, que arrasa com a auto-estima fazendo-nos esquecer de nós próprios; não, não é esse amor que ilude sob um falso véu.

É o amor universal, que está acima de tudo e de todos, que parte de nós para os outros, que é gratuito, nada cobra, apenas liberdade para se expandir.

Felicidade, imprevisível e espontânea, permanece por tempo indefinido e quando desaparece reina a apatia e a insatisfação, tudo para nos mostrar que é momentânea, nunca poderia ser permanente pois deixava de ser felicidade e passava a banalidade e rotina do quotidiano. É para ser partilhada entre risos e lágrimas momentos de alegria e de cumplicidade.

Qualidade preciosa , surge como recompensa e não como um fim, a partir do momento que apreciamos a beleza e a simplicidade em tudo ao redor e passámos também a fazer parte dela, desse estado supremo de enorme júbilo que entoa na alma e nos transporta para fora de nós. É a retribuição da vida para connosco pelo amor e pela fidelidade.

Atira o boomerang e pacientemente espera que este regresse ás tuas mãos…


(folha solta escrita no Verão de 2007)